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Textos de amigos e músicos do artista.

Eu vos saúdo

Tom Jobim

Edu Lobo, você é um compositor maravilhoso! Uma coisa louca! Ainda me lembro quando o teu pai Fernando me disse: “Tem um garoto lá em casa tocando um violão… ”

Depois te conheci, magrelo, cerrando o buço, a face inocente, a boca jovem, tímido, violão na mão, espichando, crescendo rápido para se tornar o grande compositor, violonista, pianista, cantor, poeta, letrista, arranjador, orquestrador e maestro Eduardo de Goes Lobo. Predestinado e estudioso. Noturno, entra pela noite compondo e mais tarde, creio, será um madrugador jovial, an early bird.

Sua música, muito bem feita, tem cheiro de mato, às vezes de mar, como no Arrastão, cheiro de mar bem brasileiro. Pra dizer adeus, Upa neguinho, Ponteio, Marta Saré, Viola fora de moda, Reza, Canção do amanhecer, Canto triste, Vento bravo, são tantas e tão bonitas as canções, sambas, frevos, xaxados, baiões, achados, choros, valsas, modinhas.

Edu escreve música muito bem, a mão, a tinta. Este songbook foi todo escrito a mão, tarefa gigantesca!

Mais recentes são as parcerias com Francisco Buarque de Holanda, Chico Buarque, outro gênio da raça. Choro bandido, Valsa brasileira, Beatriz, lindíssimas!

Olhos de jabuticaba, saídos do mato. Juruva do mato virge, coati mundéu, onço velho da mata atlântica que, do mato, espia o mar. Pescador, nadador, ginástico, carioca nordestino, pernambucano, tanta coisa, sangue de índio, há mais de 60.000 anos no Brasil (segundo o grande sertanista Orlando Villas-Boas). Teu destino, traçado.

Eu vos saúdo em nome de Heitor Villa-Lobos, teu avô e meu pai.

Um Antonio Brasileiro
Tom Jobim

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