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Textos de amigos e músicos do artista.

O que é música?

Aldir Blanc

Música não é lantejoula, não é maquiagem, não é hapenning, não é performance, não é vernissage, não é politicalha de direita travestida de vanguarda, não é oratória prolixa onde falsos ares dionisíacos apenas dissimulam a luta pelos tronos e báculos do que Raduan Nassar chamou de “Alto Clero” cultural.

Então, o que é música?

Eu tenho uma definição pessoal, simples porém sincera: música é, por exemplo, o que Edu Lobo faz.

Ponteio e Arrastão têm a força mística daqueles tempos (in illo tempore…) do início das coisas, das mitologias, dos melhores sonhos que sonhamos viver.

A harmonia e a melodia de Canção do amanhecer e do Pra dizer adeus são faróis na cultura de uma geração inteira e continuam iluminando o caminho de outras. Quando o talento se alia à generosidade acontecem coisas assim.

Muitos receberam prêmios, dominaram o espaço-tempo da mídia, estouraram (puf … ) no exterior, mas na hora da Onça Pintada do Divino beber água, epa!, a preferida por nove entre dez estrelas e – o que é muito mais importante – por uns sete entre cada grupo de dez mortais comuns é … Beatriz!

Se Tom Jobim é um rei de chapéu de palha, charuto e chopinho, Edu é príncipe não-coroado, porque sua modéstia e discrição (é aí que a gente aprende a diferença entre um príncipe e os bobos-da-corte) o impelem mais ao piano do que aos brilharecos do salão.

Que não se veja nessas palavras oportunismo de parceiro novo. Trata-se apenas de, minimamente, dar a Edu o que é de Edu – um samurai armorial que, embora carregue a Lampa do Conselheiro, jamais abriu mão da gentileza, em cujas armas de teimosia e caráter lê-se inscrição: E FREVO AINDA, APESAR DA QUARTA-FEIRA…

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