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Textos de amigos e músicos do artista.

Sobre o primeiro disco de Edu

Vinicius de Moraes

Eduardo Lobo, ou melhor, Edu Lobo, é o mais jovem dos meus parceiros. Acabou de fazer 19 anos, e dele se poderia dizer que é uma versão em bossa nova de seu pai, o compositor e jornalista Fernando Lobo, que teve sua época áurea no início da década de 50, em excelentes sambas-canções, muitos dos quais com músicas de Paulinho Soledade, que constituíram, na época, uma verdadeira revolução, quer do ponto de vista da novidade das harmonias, quer da beleza e simplicidade das letras.Edu Lobo estréia neste compacto como compositor, com a mão segura de quem tem atrás de si esta tradição de bom gosto e sensibilidade. E se um filho é a continuação de seu pai, temos aqui um duplo motivo de alegria. Tendo nascido, artisticamente, dentro da Bossa Nova, e movendo-se entre os moços que são o melhor estímulo para nós, que criamos o movimento, Edu Lobo está aí para provar que a Bossa Nova, ao contrário do que muitos dizem, não representa uma quebra de tradição: é, isto sim, uma resultante natural do que há de melhor e mais positivo no cancioneiro popular carioca. Edu Lobo é, pois, o ponto extremo de uma nobre linhagem de compositores que vem de Chiquinha Gonzaga, Nazareth, Zequinha de Abreu e Pixinguinha e que vai desaguar nos mais jovens elementos da Bossa Nova, alguns dos quais somente agora pondo a cabeça de fora, como Francis Hime, Marcos Valle, Theófilo de Barros Neto e ele próprio. É. A garotada está aí mesmo para nos botar, a nós os “velhos”, para correr. Mas não há de ser nada. O importante é que se trata de uma mocidade sadia, atenta e responsável, que quer fazer boa música, e fazê-la consciente dos problemas do tempo em que vivem. Bravos, Edu Lobo! Ice a vela e vá em frente. Seu pai e eu estamos aí na maior torcida por você.

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