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Textos de amigos e músicos do artista.

Trinta anos de parceria

Gianfrancesco Guarnieri

Edu, daqui a pouquinho completaremos trinta anos de parceria. Eh, tempo, pra mim ainda tão presente! O jeito estabanado do Luís Vergueiro nos apresentando, o nosso sorriso e silêncio inibido; a idéia de “contar Zumbi”, surgida de tuas canções com teu lindo parceiro Vinicius; as músicas que se seguiram, em nosso trabalho comum, quase todas aparecendo, apresentando-se, instalando-se de modo fácil, tranqüilo, travesso, irresponsável até, estruturando a narrativa, dando-lhe corpo e alma, em um grito poderoso de liberdade naqueles primeiros meses de ditadura. Meus muito sentidos, mas pobres versos, ganharam força entrelaçados por tua música sempre inspirada, generosa e certeira como flecha de Cupido. Felizmente, mais tarde, pude reencontrar a alegria do nosso primeiro trabalho na criação de Memórias de Marta Saré, e creio que fomos premonitórios glosando o mote em Me dá o mote. Tenho presente, em detalhes, nossa excursão com esse show; amargavas o fim de uma hepatite braba!

Tua paciência, dedicação e esforço para apresentações cada vez mais primorosas, apesar das seqüelas e do mal-estar deixados peIa doença, reforçaram ainda mais minha já sólida admiração.

A vida, até agora, não se tem mostrado avara comigo em matéria de satisfações e alegrias, mas considero um privilégio grande constar da galeria dos teus ilustres e muito queridos parceiros, a par do privilégio de contar, além do parceiro, com o amigo, o inesquecível, aquele lá do fundo do relicário. Oxalá a vida nos reserve, para já, a satisfação de novos trabalhos juntos. Que venham e brotem de forma fácil, tranqüila, travessa, até mesmo irresponsável, anterior àquela consciência, terrível, à qual “sobrevém a noite do infortúnio”. Ainda temos surpresas retiradas do fundo da canastrinha!

Olorum didê! Até já, irmãozinho!

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